quinta-feira, 27 de maio de 2010

Coisas que se come por aqui...

Não é exactamente para se comer, mas aqui a menina (eu), com talvez uns 5 aninhos (idade das experiências traumáticas) achou que aquilo podia ser como comer morangos.
Pois...que vergonha...mas era vermelho, ora essa!
A minha avó do Pico tinha uma árvore tão deliciosa à vista, ao pé das escadas e tão à "mão de semear", que até parecia pecado não experimentar uma!
Eram tão pequeninas aquelas pimentinhas e tão picaaaaaaaaaaantes! Eu arranquei uma, pus na boca...e tal foi a velocidade a entrar, que até cheguei a mastigar...uma vez!
A seguir, conseguem imaginar o que aconteceu. Dor, calor, agonia...muita agonia...e muita água com gelo!
Toda a gente se ria, menos eu.
Crianças, não experimentem isto em casa...
Seja como for, talvez tenha sido depois disto que fiquei imune à papeira, às bexigas, à varicela...

As amoras pretas. Quem vai em exploração, em Julho e Agosto, pelos matos da ilha, encontra muitas. É sempre bom uma coisa doce para nos dar ânimo! O meu avô costumava sair de casa de manhã e voltava tarde, só para ir apanhar muitas (uns quilos) para as suas netinhas. Ele sabia do nosso vício! : )

Funcho...comia em sopa de feijão e quando via um pé de funcho, ia lá e costumava cortar um dos caules, tirava-lhe a casca e comia o interior. É doce e sabe a pasta de dentes! Pois é...eu andava sempre com o hálito fresquinho!


Bem...isto é um jarro e não é nada que se coma, eu sei...mas comi (ganda maluca)!
Devia ter uns 4 ou 5 anos e nuuuuuuunca mais me esqueci desse dia...tanto é assim, que estou a relatá-lo agora.
Bem vos disse que existe uma idade para que estas experiências traumáticas...
Enfim, havia um grupinho de jarros à beira de um caminho e achei-os tão interessantes...
A minha mãe estava a conversar com uma tia do meu pai e eu a apreciar a beleza dessas flores. Mas a certa altura achei que o interior (aquela coisa amarela espetada) devia ser doce ou comestível e ... não era! Mal engoli um bocado daquilo, fiquei com a boca a arder, a garganta a arder e a única solução foi "berrar" bem de "rijo"!!! Minutos depois vejo-me sentada num balcão de cozinha com um pacote de leite a ser literalmente despejado pela minha boca abaixo!
E logo uma coisa que não gosto nada de beber...mas que sorte a minha!
Naquele tempo acreditavam que o leite desintoxicava...
Bem, a verdade é que não morri, por isso algum bem deve ter feito!


Ah...as tangerinas! Adoro o seu cheiro, o seu sabor...só não gosto é de comê-las! É triste, mas é verdade...São aqueles caroços. Fazem-me impressão! Não gosto de andar a cuspir durante os 5 minutos que como um fruto e sentir aquelas sementes escorregadias! Aquilo faz-me impressão! Ainda sou capaz de comer, se insistirem muito, mas as sementes...bem mastigadinhas!!!
Quando era pequena, eu e as minhas irmãs, durante as nossas aventuras no meio da "selva" açoreana, encontrámos algumas quintas abandonadas e o nosso lanche eram laranjas e tangerinas! Chegávamos a casa de barriga cheia...


Nêsperas. Mmmm...quem não gosta disto? Há por vezes árvores à beira das estradas, o que prova que alguém andou a comer aquilo no carro e lá foi caroço pela janela fora...e puff...fez-se Chocapic!!! Hehehe!


Os araçás, como lhes chamamos aqui. Há os vermelhos e os amarelos. Prefiro os amarelos. São menos ácidos. Por dentro é parecido com uma goiaba, mas são muito mais suculentos! Eu e as minhas irmãs costumávamos fazer esta receita : Cortá-los à rodelas numa tigela, espalhar um pouco de açucar e completar com leite, como se fossem cereais! Fica booooom! Ah...e se puserem no frio umas horas, vão ter iogurte de araçás! Sim, o leite transforma-se em iogurte! Não me perguntem como. Coisas da ciência... : )


O fruto da árvore mais famosa do Faial. A Faia. É o tal que comia e ficava com os dentes pretos! É ligeiramente adocicado e tem uma semente pequenina dentro, que é cuspida!
Dá para nos rirmos um bocado às custas destes frutos...

Aqui chamam-lhe rosmaninho. Deve ter outro nome, mas não sei qual. São tipo "blueberries"...
Há árvores espalhadas pela ilha, que ninguém plantou, mas pode-se ver mais na freguesia dos Cedros e perto da Caldeira...

Morangos silvestres. Difícil encontrar, mas existem. Há uma outra espécie que também cresce nos mesmos lugares e é sósia deste morango, mas não tem sabor nenhum! Já fiz o teste...

É uma planta típica e encontra-se neste estado (em flor) no Verão. Puxa-se pela flor, ela desprende-se. Corta-se com os dentes a parte de baixo e chupa-se! Sai um líquido muito doce e é mais uma dádiva de Deus para nós... : )
Atenção : Olhar sempre antes, pois por vezes tem formigas lá dentro!
Já engoli algumas durante esse simples processo...
As distracções dão nisso!

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