quarta-feira, 7 de outubro de 2015

O preço da traição...




Hoje vou falar de traição, porque é um assunto polémico nos tempos que correm. 
Sim, porque traição no século XXI é só se houver relacionamento sexual efectivo. Sim, se tiverem em vias de facto e não chegar a acontecer, não foi traição. Um bocadinho estúpido, não é? Eu acho!
A meu ver, a traição tem a ver com a falta de valores e falta de amor. Essa coisa do acidente comigo não dá. Quando se ama verdadeiramente, não se trai.  
As traições são como a roupa, vêm em todas as formas e feitios. Umas mais soltas, mais à vontade, outras menos destapadas, mais púdicas...mas todas elas são capazes de se despirem de preconceitos como a honra, a fidelidade, as promessas, os sentimentos...sim, porque tudo isso são balelas e não valem nada perante um forte desejo de satisfação imediata!  
Mas também existem aquelas traições entre amigos, entre familiares, as traições pela ganância de dinheiro, heranças... 
Quais serão mais graves? Será que podemos utilizar uma escala que tenha a capacidade medir? 
Na Bíblia está escrito que no final dos tempos iria haver muita discórdia entre as famílias, pai contra filho, filho contra pai...só não especificou o porquê, mas não importa, porque discórdias sempre existiram desde o princípio dos tempos, mas o que queria que ficasse bem assente é que nunca se viu até hoje tanto desrespeito dos filhos pelos pais e até vice-versa, como vemos hoje. 
Eu nunca imaginei ver isso a acontecer no seio da minha família, mas infelizmente vejo. Vejo uma traição tão grande, mas tão monstruosa, sem qualquer grau de pudor, que me arrepia. 
Um pai abandonar um filho é triste, mas um filho abandonar um pai também o é, especialmente quando ele mais precisa. 
Os pais fazem tudo pelos filhos, dão-lhes tudo o que podem e muitas vezes até quando não podem e mesmo assim não conseguem mostrar gratidão. É um sentimento que parece ter sido substituído pela traição. Geralmente quando não estamos gratos por aquilo que temos, o resultado é a insatisfação e a partir daí os passos são rumo à traição. 
Sou de opinião que quando existem problemas o segredo para se começar a resolvê-los é a comunicação. Falar abertamente, abrir o coração, sermos sinceros. Sempre. Sem que fique nada por dizer. Isto é tão importante, mas as pessoas esqueceram-se do que isso é. O computador substituiu a mesa, a sala, as conversas, as gargalhadas, a luta de almofadas...tudo o que é saudável e que pouco a pouco vai destruindo as famílias a um ritmo alucinante!
A família é sagrada e deveria ser tratada assim, com esse cuidado, respeito e reverência. 
Mas sabem uma coisa? Cada vez mais eu vou me afastando da ideia que família tem a ver com laços de sangue. Não tem. Para mim nunca foi essa a minha ideia. 
Família é um grupo de pessoas que se conhecem e até podem viver juntas, mas que se respeitam e sabem o que é amor. Sabem o seu lugar dentro do seu grupo e mesmo estando numa hierarquia abaixo, nunca se sentem inferiorizadas porque sabem que cada um tem o seu papel crucial para que todos sejam felizes. Existe entre-ajuda, compreensão, o cuidado em escutar e questionar sem ferir ninguém, haver carinho e demonstrações disso, com actos e não só com palavras. Isto é que é uma família!
Se são do mesmo sangue ou não, isso não importa. Desde que se mantenham unidos. Mas para isso exige trabalho de todos, não só de um. Custa. Por vezes temos de fazer coisas que não gostamos, mas o pensar positivo é crucial. O resultado vale sempre a pena!
A doença do século não é apenas a traição aos que amamos, mas também traímos a Deus todos os dias que nos levantamos de manhã e pensamos em atraiçoar quem nos ama. 
"Aquilo que fizerdes aos outros, a Mim também o estarás a fazer..."
Um dia seremos todos julgados por isto e outras coisas, mas não custa saber que estamos a apunhalar o Mestre dos Mestres pelas costas? Essa ideia aterroriza-me. 
As tentações virão...
Apareceram no início da humanidade e existirão sempre, mas estamos neste mundo para aprender a vencê-las, porque a grande maioria são para nos destruir e não para nos fazer sorrir...


segunda-feira, 5 de outubro de 2015

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

O meu adeus...




Não levei flores, não tive tempo. Mal soube, corri para a casa onde tu estavas. Estavas num caixão, coberto de flores lindíssimas. Parecias tão pacífico. Todos te tocavam e te beijavam como se ainda ali estivesses. De certa forma estavas. O teu corpo. A tua alma porém, já estava num lugar de paz e de alegria. 
Foi muito difícil para mim ver-te ali, deitado, sem vida. A tua família estava destroçada, saudosa, como se lhe tivessem tirado um bocado do coração naquele momento...e se a mim doeu, imagino o que não lhes está a doer agora. Eu sei que tu sabes que estas coisas custam sempre e que as saudades são uma coisa que provavelmente irão sentir até partirem para perto de ti.
Não eras minha família de sangue, mas eras de coração. E no teu coração eu também sei que era especial para ti. Lembro-me das vezes que comi sentada ao teu lado e falavas pouco. Mastigavas, bebias, olhavas para mim e para a tua mulher e escutavas com atenção o que falávamos.
Sei que terias uma opinião sobre o que estaríamos a dizer e pensavas profundamente naquilo, mas não dizias nada. Simplesmente pensavas e pensavas...
Talvez pensasses no quanto era injusto o que se estava a passar, no quanto tudo seria diferente se eu tivesse uma família como a tua, se te tivesse tido como pai ou avô...
Ontem foi um dia difícil para mim, pai...avô...Mário. O teu silêncio desta vez é permanente, não é só por algum tempo. Não posso esperar ouvir a tua voz ou ver-te sentado no sofá a ver televisão. Sim, vou ter saudades da tua presença silenciosa e calmante. 
Cada vez mais me capacito que não é o sangue que faz uma família. É o amor que se dá, que é dado...e felizmente tu sempre nos deste a todos a quem conheceste, o teu amor. À tua maneira, simples, sem complicações. Sim, segundo sei também resmungavas, também tinhas os teus dias maus, mas até esses, segundo me foi dito, eram perfeitamente suportáveis, pois não conseguias ficar chateado muito tempo. És como eu nisso...
Com o tempo aprendi que de nada vale ficarmos a remoer o que já passou. É uma coisa que nos mata por dentro, destrói as nossas emoções e a nossa vontade de viver...
É verdade que há muitas pessoas que só se sentem bem vendo os outros no mesmo estado que eles, com as mesmas preocupações, com as mesmas ambições. Se soubessem o quanto isso é disparatado, cavariam um buraco para se esconder!
Apesar de ter descansado, sinto que dormia o dia todo. Continuo a precisar de energia. Sinto que fui sugada ontem. Ver toda aquela dor, todas as lágrimas, aguentar-me para não chorar, querer que nada daquilo estivesse a acontecer, embora soubesse que mais cedo ou mais tarde iria acontecer, ser egoísta e altruísta tudo ao mesmo tempo...
Por isso é que na cerimónia religiosa o pastor disse: Sabem porque a morte nos afecta tanto? Sabem porque independentemente de ser uma pessoa nova ou idosa, ter morrido tragicamente ou de doença prolongada, nós nunca estamos à espera? Porque o ser humano não foi criado para morrer...
É é verdade. Hoje, deveríamos ser imortais no corpo e no espírito. Mas infelizmente entrou o pecado no mundo e o resultado foi ficarmos com um corpo mortal e que falha.
Espero que tu, pai e avô do coração, estejas a descansar e a passear por esse Jardim,no céu, lugar que Deus destinou para aqueles que são Dele.
Descansa em paz!




segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Um florescer no meio do nada...






Nunca imaginei que algo tão bonito pudesse florescer num ambiente tão árido e seco...

Estou surpreendida comigo mesma...porque eu sou essa flor...e acreditem que as lágrimas caem-me pelo rosto abaixo ao admitir neste momento que sou grata a Deus por Ele estar aos poucos a remendar o meu coração. Não sei se sabem, mas Ele por vezes utiliza pessoas, acontecimentos, frases que nos ficam na memória..para nos animar e dar força.

A nostalgia do que se passou lá atrás existirá sempre, mas não quero continuar a martirizar-me, porque isso só me vai tirar a alegria de viver e de sonhar. 

No entanto, a minha consciência talvez me diga que estou a ser demasiado ávida em querer ser feliz outra vez. Se calhar deveria ir com mais calma, dar tempo a todos à minha volta para se habituarem a me verem a sorrir outra vez. 

Sim, é verdade, eu fico com a sensação que algumas pessoas, incluindo família, não me compreendem. E porque penso eu isso? 
A experiência ao longo dos anos mostrou-me que eu realmente sou difícil de entender, sou uma ave rara, mas serei assim tão difícil de amar, ou sou eu que não deixo?
Se calhar estou à espera que apareça algo ou alguém que me dê essa resposta...
E será tão mau querer sentir que sou especial, que mereço sentir-me segura, tranquila, feliz?
No fundo talvez sinta que não mereça tanto...
Sei que agora tudo o que fizer terá de haver uma confirmação lá do Alto, para ter a certeza que corre tudo na perfeição, por isso ainda estou à espera dela, mas virá...
Veremos como se desenrola...e estarei aqui para continuar a abrir-vos o meu coração!



domingo, 20 de setembro de 2015

Até um dia, mãe...







Fui deixar-te ao aeroporto e não chorei, prometi a mim mesma que não o faria...mesmo que tu chorasses.
A viagem ainda é longa e difícil, porque quanto mais longe estiveres daqui, o coração vai apertando...
Foi bom ter-te aqui estes dias e vou ter saudades, mas...a vida é assim mesmo. Temos de seguir em frente...

sábado, 19 de setembro de 2015

Não...o tempo não volta atrás...





Aqui estou eu outra vez...
Hoje acordei um bocadinho triste, confesso, a pensar numa coisa em que muitas pessoas pensam. No tempo, no relógio, nos anos, nos dias, nos minutos, até nos segundos. Se pudéssemos voltar atrás, o que mudaríamos? E se houvesse uma máquina do tempo, até que ponto seria bom para nós estar sempre a voltar atrás?
Será que com tanta tecnologia, tendo o homem alcançado lugares tão longínquos e sombrios pelo universo fora, será que é suposto inventarmos uma máquina que nos faça poder emendar os nossos erros do passado? 
Por mais que gostasse, infelizmente tal coisa nunca será possível. Sabem porquê? Porque só vivemos uma vez...e se não conseguirmos ser o melhor que pudermos ser agora, hoje...então não haverá segundas ou terceiras oportunidades. Pensei muito nisso e no quanto desejava que muita coisa na minha vida pudesse ter sido diferente. Desejava não ter dito ou feito certas coisas, mas agora só me resta esperar que quem tenha de me perdoar que o faça e que eu consiga perdoar-me a mim mesma, também. Assumir um fracasso é sempre muito difícil...e dói muito cá dentro. 
Mas "a vida continua" (é o que todos me dizem), mas capacitem-se que não é por o dizerem centenas de vezes que eu me sentirei menos triste. 
Acho que passei tempo demais a ouvir coisas que me davam a entender que ainda me faltava alguma coisa para merecer ser amada, que talvez tenha começado a ser demasiado exigente comigo mesma...
O tempo realmente não volta atrás e só me resta aprender com tudo o que vivi, com as pessoas que conheci...e não permitir que a tristeza invada o meu coração. A nostalgia virá sempre, uma vez ou outra. Sim, mas não para me questionar o que teria acontecido se tivesse feito isto ou aquilo. Agora sei que há coisas que estão escritas e provavelmente não estava destinado por Deus que as coisas tivessem corrido de outra forma. Por mais que eu tivesse me esforçado o resultado teria sido sempre o mesmo. Quando há outro caminho a seguir, Deus coloca obstáculos e coisas no caminho para fazer-nos seguir noutra direção. Quem não está sensível a isso, por vezes leva mais tempo a mudar de rumo e por isso é que as coisas vão se tornando cada vez mais difíceis de suportar, porque as rochas passam a pedregulhos e depois Deus tem de levantar mesmo um muro enorme para que consigamos perceber que é para deixarmos de insistir, para pararmos de ser teimosos...e sim, admitir que não dá mais é muito doloroso e ficamos todos partidinhos por dentro, em mil pedaços, mas também sei que Ele não parte nada que não vá reconstruir mais bonito ainda!
É isso que me anima...é isso que me dá força. Sabem...fico emocionada cada vez que começo a imaginar o que o futuro me reserva. 
Quero começar a olhar para mim e sorrir...rir à gargalhada comigo mesma, gostar do que vejo, ser feliz com o que me for dado a cada dia e poder retribuir igualmente ou mais ainda.
Mais um pensamento que partilho aqui hoje...
Fiquem bem, porque eu vou tentar ficar também!

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Açoreaninha outra vez...



Os meus dedos tremem ao recomeçar isto tudo de novo...colocar o que sinto no papel. 
Sempre que regresso aqui, ao meu cantinho, tenho sempre que relembrar que estou atolada em acontecimentos, memórias e que tanta coisa aconteceu desde a última vez que aqui estive, que tenho mesmo de pedir desculpa a vocês e a mim própria por ter estado tanto tempo ausente.

Vir aqui fazia-me tão bem, porque desabafava, exteriorizava o que sentia e a mágoa e dor tornavam-se passageiras, mas agora é tudo tão recente, tão fresco, tão sensível, que tenho mesmo de permitir-me chorar, deitar para fora tudo o que me preocupa.

Isto que deixo escrito talvez seja a única coisa tão minha que irei deixar a quem alguma vez me conheceu. Talvez assim me compreendam um pouco melhor...
Vivi cinco anos da minha vida num misto de emoções, de sorrisos e lágrimas, muitas injustiças, muitas mesmo...e tudo isso mudou-me. Sou uma nova mulher. Sinto isso. 
Tudo o que aprendi ao longo deste tempo numa grande cidade fez-me ver o quanto sou abençoada em ter um cantinho meu no meio do oceano Atlântico que me faz lembrar todos os dias a grandiosidade de tudo, até a de um pequeno escaravelho a trepar uma árvore...

Nestes últimos anos, os meus sonhos tornaram-se em pesadelos, a minha fé esmoreceu, mas continuo a acreditar. Acredito que por mais que sonhe em ter alguém ao meu lado que seja a minha outra metade, isso só irá acontecer quando Deus quiser que aconteça. O meu erro foi de uma forma impulsiva ter acreditado demasiado rápido. Acontece às melhores...

Tínhamos formas diferentes de ver o amor. O amor é paciente, é bom, não se enfurece, não fica feliz com a desgraça do outro...e ele era alguém que incentivava-me a ser alguém que eu não era nem queria ser. Comecei a ficar má...a atacar antes que me atacassem...a estar demasiadas vezes à defesa. Discussões atrás de discussões que me deixavam exausta mentalmente e emocionalmente, pois no final eu passava a acreditar que valia muito pouco. Valia pouco para tudo e todos...
Eu não queria ser assim e tive de procurar ajuda, de fugir do que me estava a empurrar para o abismo...senão nunca mais de lá sairia.

Nunca mais encontraria a Marisa que eu conhecia e tudo de bom que eu tivesse dentro de mim iria ficar de tal modo destruído que só um milagre conseguiria refazer o que já estava desfeito.

Além de tudo isso, no meio de toda uma tempestade emocional, o meu pai morre...uma das pessoas mais importantes da minha vida. Eu não estava lá, não me despedi, tinha saudades dele, mas agora só restam as lembranças.
Sentia orgulho dele, mesmo sentindo algum ressentimento por coisas que eu sei que ele podia ter feito e não fez. Eu e ele éramos parecidos em algumas coisas, mas tão diferentes noutras!
Eu acredito que se ele tivesse feito certas coisas de outra forma, que ele ainda estaria entre nós. Mas de que adianta especular? O nosso tempo nesta Terra está contado. Deus sabe todos os nossos dias e chegou o momento do meu pai. Tenho de me conformar com isso. 
Sempre quis que ele sentisse orgulho de mim. Infelizmente ele era o tipo de pai que sentia mais orgulho nos filhos dos outros do que nos seus...pelo menos era isso que ele transmita algumas vezes. Nunca mo disse directamente, mas não era preciso. 
Foi um bom pai, mas causou-me algum sofrimento. Aquele tipo de mágoa que parece que irá ficar para a vida toda., mas sim, eu sei que tenho de perdoar, porque todos os erros que ele cometeu definem-me hoje e há muitas pessoas que gostam de mim como eu sou, por isso vou tentar valorizar-me um pouco mais a partir de hoje.
Independentemente do que eu tenha ouvido constantemente no passado, eu valho alguma coisa sim, nem que seja para Deus...e vou aproveitar tudo o que vivi para crescer interiormente, porque tudo isso fez-me uma pessoa mais experiente, mais sábia...mais forte!

Não sei quem me visitou e quem leu o que tenho escrito, mas percebi que muita gente veio "bisbilhotar", à procura de uma notícia, de um sinal da minha existência...e obrigada por isso!

Ainda não estou preparada para "sair da toca", mas sinto que vou recuperar...