terça-feira, 15 de setembro de 2015

Açoreaninha outra vez...



Os meus dedos tremem ao recomeçar isto tudo de novo...colocar o que sinto no papel. 
Sempre que regresso aqui, ao meu cantinho, tenho sempre que relembrar que estou atolada em acontecimentos, memórias e que tanta coisa aconteceu desde a última vez que aqui estive, que tenho mesmo de pedir desculpa a vocês e a mim própria por ter estado tanto tempo ausente.

Vir aqui fazia-me tão bem, porque desabafava, exteriorizava o que sentia e a mágoa e dor tornavam-se passageiras, mas agora é tudo tão recente, tão fresco, tão sensível, que tenho mesmo de permitir-me chorar, deitar para fora tudo o que me preocupa.

Isto que deixo escrito talvez seja a única coisa tão minha que irei deixar a quem alguma vez me conheceu. Talvez assim me compreendam um pouco melhor...
Vivi cinco anos da minha vida num misto de emoções, de sorrisos e lágrimas, muitas injustiças, muitas mesmo...e tudo isso mudou-me. Sou uma nova mulher. Sinto isso. 
Tudo o que aprendi ao longo deste tempo numa grande cidade fez-me ver o quanto sou abençoada em ter um cantinho meu no meio do oceano Atlântico que me faz lembrar todos os dias a grandiosidade de tudo, até a de um pequeno escaravelho a trepar uma árvore...

Nestes últimos anos, os meus sonhos tornaram-se em pesadelos, a minha fé esmoreceu, mas continuo a acreditar. Acredito que por mais que sonhe em ter alguém ao meu lado que seja a minha outra metade, isso só irá acontecer quando Deus quiser que aconteça. O meu erro foi de uma forma impulsiva ter acreditado demasiado rápido. Acontece às melhores...

Tínhamos formas diferentes de ver o amor. O amor é paciente, é bom, não se enfurece, não fica feliz com a desgraça do outro...e ele era alguém que incentivava-me a ser alguém que eu não era nem queria ser. Comecei a ficar má...a atacar antes que me atacassem...a estar demasiadas vezes à defesa. Discussões atrás de discussões que me deixavam exausta mentalmente e emocionalmente, pois no final eu passava a acreditar que valia muito pouco. Valia pouco para tudo e todos...
Eu não queria ser assim e tive de procurar ajuda, de fugir do que me estava a empurrar para o abismo...senão nunca mais de lá sairia.

Nunca mais encontraria a Marisa que eu conhecia e tudo de bom que eu tivesse dentro de mim iria ficar de tal modo destruído que só um milagre conseguiria refazer o que já estava desfeito.

Além de tudo isso, no meio de toda uma tempestade emocional, o meu pai morre...uma das pessoas mais importantes da minha vida. Eu não estava lá, não me despedi, tinha saudades dele, mas agora só restam as lembranças.
Sentia orgulho dele, mesmo sentindo algum ressentimento por coisas que eu sei que ele podia ter feito e não fez. Eu e ele éramos parecidos em algumas coisas, mas tão diferentes noutras!
Eu acredito que se ele tivesse feito certas coisas de outra forma, que ele ainda estaria entre nós. Mas de que adianta especular? O nosso tempo nesta Terra está contado. Deus sabe todos os nossos dias e chegou o momento do meu pai. Tenho de me conformar com isso. 
Sempre quis que ele sentisse orgulho de mim. Infelizmente ele era o tipo de pai que sentia mais orgulho nos filhos dos outros do que nos seus...pelo menos era isso que ele transmita algumas vezes. Nunca mo disse directamente, mas não era preciso. 
Foi um bom pai, mas causou-me algum sofrimento. Aquele tipo de mágoa que parece que irá ficar para a vida toda., mas sim, eu sei que tenho de perdoar, porque todos os erros que ele cometeu definem-me hoje e há muitas pessoas que gostam de mim como eu sou, por isso vou tentar valorizar-me um pouco mais a partir de hoje.
Independentemente do que eu tenha ouvido constantemente no passado, eu valho alguma coisa sim, nem que seja para Deus...e vou aproveitar tudo o que vivi para crescer interiormente, porque tudo isso fez-me uma pessoa mais experiente, mais sábia...mais forte!

Não sei quem me visitou e quem leu o que tenho escrito, mas percebi que muita gente veio "bisbilhotar", à procura de uma notícia, de um sinal da minha existência...e obrigada por isso!

Ainda não estou preparada para "sair da toca", mas sinto que vou recuperar...









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