segunda-feira, 19 de abril de 2010

Imagens que levarei comigo...




São algumas das imagens que levo comigo...
Os olhares das pessoas e o à vontade com que andam na rua, por vezes mesmo no meio da rua, o que nos irrita profundamente, porque não deviam estar ali! Não medem o perigo...
Até quando apanhamos uma manada de vacas na estrada, temos que esperar pacientemente que cheguem ao seu destino, com o carro a 2 km/h, a gastar gasolina que é uma coisa feia...mas pronto, os Açoreanos são dotados de alguma paciência no que respeita a esse tipo de coisas. Pudera...se nem a polícia faz nada!
Também é provável vermos um senhor montado no seu cavalo, com a sua bilha de leite e a passear a sua vaca (provavelmente porque tem de mudá-la de um sítio para outro). E se formos com a janela do carro aberta, com alguma sorte, até dá para sentir o cheiro da bosta dessa vaca, espalhada pela estrada.
Outra coisa que não é comum ver-se numa cidade. Deus os livrasse! Coitadinho do senhor que se lembrasse de tal coisa! Hehehehe!
Vou sentir saudades dessas coisinhas que me fizeram rir e de sentir a natureza sempre tão perto de mim, os sons dos pássaros, as árvores e o cheiro particular das chamadas de árvores de "Incenso", que quando florescem em Fevereiro e Março, inundam tudo com o seu cheiro leve e adocicado. Faz lembrar o cheiro da flor de laranjeira. É muito bom.
Lembro-me de comer frutos da Faia. São umas coisinhas redondas, tipo amoras, muito pequeninas e pretas. Uma mistura de amargo com doce.
Eu e as minhas irmãs quando apanhávamos, comíamos e fazíamos uma papa daquilo na boca e depois ficávamos com os dentes pretos! O que a gente se ria às custas de tolices dessas! Parecíamos umas desdentadas! Nas nossas aventuras pela mata dentro, encontrávamos coisas interessantes. e outras vezes, nem por isso. Até era um pouco assustador, quando perdíamos a luz do sol, com tanto arbusto e arvoredo!
E quando ouvíamos um galho a partir-se no chão, no meio de tanto silêncio? Era de morrer...especialmente porque quando partíamos nesse tipo de aventura, a nossa imaginação estava no seu grau máximo!
Pois é...íamos a correr pelo meio dos arbustos e ficávamos arranhadas e entrávamos em casa como bichinhos do mato assustados e com o coração quase a sair pela boca, porque simplesmente acreditávamos que estávamos a ser perseguidas por algum monstro!
Lembro-me também dos piqueniques na Caldeira, com a família toda. Como crianças que éramos, ficar muito tempo no mesmo sítio tornava-se aborrecido e tínhamos as nossas séries na tv para ver e os meus pais acabavam por nos deixar ir sozinhas até casa. Não havia perigos e sabíamos o caminho. Andámos talvez uns 4 km. 2 a descer e 2 a direito. Não custou nada, sentimo-nos "crescidas" e os nossos pais sentiram orgulho de nós por termos conseguido chegar bem.
Nos dias de hoje, quais são os pais que deixam os seus filhos de 9, 8 e 7 anos anos irem a pé para casa, sozinhos? Apesar da evolução de uma cidade, os pais não lhes dão tanta autonomia, não os deixam crescer, mas só porque não podem mesmo...não é seguro. E isso é triste.
Vou lembrar-me sempre disso. Da minha infância e da infância nos dias de hoje.
Vou lembrar-me sempre desta ilha como a ilha que me viu crescer e que me deu a conhecer coisas maravilhosas, que provavelmente poucas crianças tiveram ou terão oportunidade de conhecer.
Espero que o futuro me traga coisas boas, novas amizades, muitas surpresas boas...e muito, muito amor! :)

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