quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Há trabalhos que não compensam...


Esta foto fez-me rir, mas depois de pensar na verdadeira questão, vi que nem há razões para isso.
Já passei por situações embaraçosas, relativas a assédio sexual no trabalho e só aconteceu porque vivemos num mundo imoral, onde as pessoas perderam qualquer noção de respeito e bom senso.
Homens que não respeitam a aliança que usam e nem lhes interessa se nós usamos uma ou não! Há alguma outra forma de parecerem mais machos? Estúpidos, talvez...
Porque não pensam em coisas que só prejudiquem a eles mesmos? Mas não dá...
Há sempre quem fique magoado no meio disto.
O egoísmo das pessoas, leva-as a quererem só o seu prazer e a esquecerem o amor (porque dá muitas dores de cabeça).
Nem ia adiantar-me muito a falar sobre este assunto, mas lembrei-me de uma das minhas piores experiências pessoais relativamente a assédios.
Uma delas foi inclusivamente grave, porque senti-me completamente abandonada e desesperada e havia gente (homens) na rua, que viram a minha aflição e simplesmente "cagaram" nisso. É a única expressão que me ocorre para descrever o que fizeram.
O que me salvou foi a minha colega ter chegado. Assustou-se, mas antes de sair fez questão de me dizer baixinho : "Não te apanho aqui e agora, mas apanho outro dia!"
Eu tinha partido a perna nesse ano, ainda andava com canadianas...e ia haver uma feira de cavalos e gado nas próximas semanas e eu estava até com medo de ir lá. Andei sempre com medo que tentasse alguma coisa, mesmo na minha própria casa.
Enviava-me sms nojentos, que apagava, mas disse-lhe que os tinha todos e que ia mostrar à mulher dele se ele não me deixasse em paz. Nem isso o demoveu.
O estupor é casado, tem 2 filhos, a mulher é auxiliar educativa, na mesma escola onde a minha filha anda e supostamente é visto como um homem "honesto", que até vai às festas de Natal dos filhos.
Mas continuando, uns dias depois do ocorrido, um advogado ligou ao dito cujo.
Ele só dizia "eu só tava a brincar, eu só tava a brincar com ela"...e o advogado responde : "Mas a minha cliente não gosta desse tipo de brincadeiras e aliás, se o senhor lhe dirigir a palavra mais uma vez ou a incomodar, eu próprio irei falar com o seu patrão, contar-lhe o que se passou e ser-lhe-á posto um processo disciplinar em cima, no mínimo, porque a Polícia não está fora de hipótese." Quem o viu a atender a chamada, disse que ele até gaguejava!
O meu amigo também o foi avisar (em frente aos seus colegas) de que tentativa de violação dava direito a um grande enxerto de porrada e que ele não tentasse outra vez, porque da próxima podia não ter a mesma sorte.
Bem, os colegas não viram aquilo com bons olhos e acho que ninguém aqui dentro veria com bons olhos a violação de uma mulher. Eles pensam que homem que é homem consegue o que quer sem forçar ninguém.
Não sei o que lhe disseram, mas nos dias seguintes devem tê-lo feito sofrer humilhações. Ouvi dizer que sim...
Contei o que se passou à minha mãe, que ficou indignada e disse para eu falar com o meu patrão. Não lhe contei nada. Não me sentia à vontade para me expôr dessa forma.
Além disso ele acabou por saber dias mais tarde e só me disse : "Devias ter-me ligado, essas coisas não permito aqui, essas faltas de respeito..."
Não lhe respondi, mas pensei : Faltas de respeito?! Se a minha colega não aparecesse (por acaso - apesar de não acreditar em acasos), o homem teria consumado o crime de violação!
Mas pronto, o mal já estava feito e eu ia ficar como sendo a causadora de um despedimento de um pai de família, esse assunto iria começar a correr na boca de toda a gente, iria haver discussões familiares por minha causa, eu ainda iria ser vista como alguma devassa que o provocou (as pessoas conseguem ser cruéis), por isso pus esse assunto nas mãos de Deus e acabou por se demitir dois dias depois, sem eu ter mexido uma palha!
Eu só deixei esse assunto assim, porque se até o meu pai pensou que eu poderia tê-lo provocado, o que não pensaria o resto desta ilha? "Alguma coisa ela deve ter feito...", ela que se entenda com o .....(patrão). Foram essas palavras que disse à minha mãe.
Foi muito difícil não sentir que o meu pai não quis fazer o que qualquer pai faria.
Proteger a sua filhinha, sair de casa mal soubesse do sucedido e vir lutar por mim, pela minha honra...
Não aconteceu nada disso. E aposto que muitas mulheres passam por situações idênticas.
São os de fora que lhes dão apoio e os que obrigatoriamente deviam apoiar e amar, são aqueles que mais as desiludem...
Há sentimentos que adoraríamos automaticamente banir do nosso coração, para não sofrermos.
Há coisas impossíveis, não há?

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