terça-feira, 24 de novembro de 2009

Dentro da bolha...

Esta foto caracteriza muito bem o que senti ontem...e o que me foi dado a sentir durante muitos anos. Via, mas não podia tocar.
Fui protegida da maldade deste mundo durante demasiado tempo.
O mundo era um desconhecido para mim.
Ninguém se importou em me explicar que o mundo seria tão cruel.
A vida encarregou-se de me ensinar da pior maneira.
Fui como uma folha que é levada pelo vento...sem rumo. Bati contra coisas que me desfizeram, que me magoaram muito, mas cresci.
Ouvir carne da nossa carne dizer que podemos contar com ela para tudo, para não ter medo ou vergonha de pedir ajuda e depois constactar que essa pessoa está mais preocupada consigo própria, como isso dói cá dentro...dar o dito por não dito.
Qualquer pai ou mãe quer ver o seu filho amadurecer, abrir as asas e voar bem alto...porque isso prova que fizeram um bom trabalho, que todo o sofrimento e noites mal dormidas não foram em vão...
Os meus querem que eu abra as asas e que voe...mas para bem longe deles, porque não fiz o que esperavam de mim.
Porque não fui capaz de deixar este país, porque sentem que as pessoas que fizeram parte do meu passado causaram-lhes humilhação e ruína, porque no fundo nunca sentiram orgulho em mim. Tenho consciência dessa verdade e tento abafá-la dentro mim todos os dias.
Eles, inconscientemente, culpam-me.
Desabafar com aquela que me deu à luz, falar dos meus problemas e não ter nenhum feedback, não sentir preocupação em me ajudar ou simplesmente dizer que vai pedir a Deus que me ajude...para eu ficar a saber que ela SENTE alguma coisa por mim, mas não...nada diz.
O meu pai farta-se de me enviar emails e a centenas de pessoas (powerpoints), que pouca gente tem tempo para ver...e quando lhe envio um email, a desabafar, a pedir-lhe um favor, ele nem se dá ao trabalho de responder.
O que uma filha (que não seja eu), faria no meu lugar?
Um dia irão sentir a minha falta e irão precisar da minha ajuda, do meu carinho...mas tanto o meu corpo como a minha alma já estarão demasiado longe...
Vivo uma vida com alguns buracos na estrada que eles enquanto têm saúde, deviam de alguma forma ainda sentir a obrigação de me ajudar a desviar deles ou a tapá-los, conforme pudessem.
Para isso era preciso saberem o que se passa comigo, mas não se interessam...e sinto-me sem família.
Até uma leoa ao deixar os seus filhos à sua sorte, passados anos, se os vir, reconhece-os e vai lá dar-lhes uma lambidela!
Porque é que os seres humanos não são assim? : (
Eu não sou o tipo de pessoa de pedir ajuda. Aliás, só a aceito se a oferecerem, mas se eu vir que é de boa vontade e que o fazem sem esperar nada em troca.
Se eu vir que não vai ser assim, fico caladinha e aguento-me.
Deixaram-me aqui tal como alguém deixou aquele aquário, com aquele único peixinho, no meio daquela praia, a poucos metros de um oceano imenso, como que a dizer: "Estás aí, mas podes ter isto e aquilo e acima de tudo terás estabilidade financeira, se vieres connosco".
Chantagem.
Pensaram que eu ia desesperar, mas eu estou aqui. Estou viva. Não fugi, como eles fizeram. Os fins nem sempre justificam os meios e um dia eles sentirão isso na pele. Não mordi o isco do "dinheiro". Não tenho essa ambição dentro de mim. Se tiverem que vir os problemas, enfrentá-los-ei. Encontrei alguém que me ama e que irá cuidar muito bem de mim. As minhas asas recuperaram das feridas. Se desesperar, voarei para os braços dele...e estarei segura!

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