terça-feira, 13 de outubro de 2009

Foi quase sempre assim...




Vou deixar aqui o relato da minha experiência no que toca a gordurinhas a mais...

Desde adolescente que me lembro dos comentários, das frases soltas em relação ao meu aspecto e comecei a minha primeira dieta aos 14 anos de idade.
Um ano antes tive de ficar em casa como doméstica da família e isso deixou-me numa depressão muito grande, embora pouca gente tenha se apercebido disso.

O meu pai um dia lembrou-se que eu não ia ser nada na vida e eu nunca chumbei ano nenhum na escola, mas ele achou que devia ganhar mais habilitações a fazer almoços, jantares, a lavar roupa e a limpar aquilo que todos sujavam e nem me podia queixar, porque afinal, tinha um tecto sob a cabeça.


Foi mesmo muito difícil para mim. Chorei muito. Foi muito humilhante ter de dizer às minhas melhores amigas que o meu pai não me deixava estudar naquele ano. Elas perguntaram-me porquê (como se esperassem que eu fosse dizer que tinha feito alguma coisa de muito grave para merecer tal coisa)...mas nem eu tinha uma resposta concreta. Nem teria coragem de lhes dizer que o meu pai não tinha qualquer esperança em mim. Seria demasiado cruel para mim própria admiti-lo em voz alta.

O que fazia a Marisa nas horas vagas? Via televisão e comia. Nunca fui incentivada a sair, muito pelo contrário. E conviver com pessoas aborrecia-me e só de saber que me iam perguntar porque não estava a estudar já me fazia perder a vontade de sair. Além disso, a viver no campo, não havia muito para se fazer. Engordei...pronto.

Foi um ano assim, com pavor a encontros sociais. Todas as vezes a Marisa deparava-se com a pergunta, sendo esboçado um sorriso daqueles bem falsos : Estás mais gordinha, não estás?

O tempo passou e de repente o meu pai decide que eu já podia voltar a estudar e como sempre o recado foi-me transmitido pela minha mãe.

Fiquei contente obviamente, mas tinha mais 10 ou 15 Kg em cima do lombo. Era uma felicidade pela metade. Agora ia ter de enfrentar outros problemas. A vergonha...

Depois de algumas críticas, decidi que era altura de tentar qualquer coisa.
Não deixei de comer nada, só comia menos. Lembro-me de ver os pratos de toda a gente à minha volta cheios de comida e o meu nem metade tinha. Eu própria é que me servia assim. Mesmo assim, apesar de verem que me estava a esforçar, gozavam comigo. Não me lembro quanto tempo fiz isso, mas o que sei é que perdi peso rapidamente e passado pouco tempo já ouvia comentários em relação a isso.

Como nunca usei balança, não sabia ao certo quantas gramas emagrecia, tal era o meu pavor em ver o peso que ia aparecer...e ainda hoje é assim. A forma que eu tenho de ver se emagreci é pela roupa que visto diariamente. É menos traumático para mim...
Só tenho coragem de me pesar quando sei que não me vou assustar. E a verdade é que nessas alturas até pulo de alegria depois. É incrível como a nossa auto estima aumenta nessas alturas.
A minha irmã diz que o meu rosto até brilhava de felicidade e acredito que sim...
Pode ser que um dia ele volte a brilhar...
Quando acontecer, vou iluminar todos à minha volta! :)

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