sexta-feira, 5 de março de 2010

E foi nesta maravilhosa ilha...




Sim, foi na ilha dos meus avós maternos, no Pico, na freguesia de S. Mateus, com meia dúzia de anos, numas férias, que conheci a chamada retrete ao ar livre (como se pode ver na foto acima).
Quando digo "ar livre", é porque geralmente ficavam sempre mais afastadas da casa e quando nos sentávamos, sentíamos uma brisa...
Só que esta da foto é muito mais chique, não se vêem moscas pelo ar e há um buraco a mais, provavelmente para algum mais aflitinho que não consiga esperar!
Sim, porque eu não me imagino a estar a c.... evacuar (como diz o meu noivo) e de repente entrar alguém "arrelampado" por ali dentro, baixar as calças e fazer o que tem a fazer, como se nada fosse!
Só de pensar nisso é o suficiente para um ataque de riso, mas se realmente acontecesse, é possível que essa pessoa ficasse com o zumbido do meu grito nos ouvidos, uns quantos dias!
Numa ilha com pouca terra fértil, o "adubo" era uma coisa preciosa naquele tempo! Mais tarde descobri isso, que as pessoas usavam aquilo para misturar com a terra e semearem batatas, couves, cenouras...
Pois..."nunca mais como batatas", pensava eu.
E com a minha inteligência muito certamente afectada por essas substâncias impregnadas nas batatas, uns dias mais tarde pensei que comer pimentas vermelhas seria uma boa ideia. "Talvez fossem como os morangos..."
A minha avó tinha um arbusto ao pé das escadas cheio de pimentas vermelhas pequeninas e eu achei que provar uma coisa tão bonita podia ser uma boa ideia!
Pois é..."Áaaaaaaaaahhhhh...gua!!! Geeeeeee....lo!!!
Comer pimenta de piri piri logo pela manhã tem muito que se lhe diga! Pode até matar os bicharocos todos cá dentro, como dizem, mas dói!!!
A minha avó tinha muitas cabritas. Ela fazia queijo de cabra. Elas comiam folhas de incenso, cujos ramos ela ia apanhar todas as manhãs para lhes dar. Algumas aventuravam-se a fazer malabarismos em cima dos muros de pedra. Eu achava-lhes piada. Eram cómicas e a minha avó também, a tentar convencê-las que o melhor sítio para se andar era no chão! Hehehehe!
A pesca dos lagartos (os continentais chamam-lhe lagartixas). Os meus tios iam buscar as suas canas de pesca, punham fruta nos anzóis e andavam a ver quem apanhava mais lagartos! Punham-se em cima do muro e deixavam cair o anzol até mais abaixo e quando um mordia, vinha de volta acima! Era um hobby deles, a bem dizer...
Eu tinha medo que me pelava!!!
Não gostava...eram feios e...mexiam-se demais para o meu gosto! Os lagartos, não os meus tios...
O meu avô...aaaah o meu avôzinho! Tão querido que ele era, com aqueles seus olhos azuis!
Sempre que sabia que as netinhas o iam visitar, nessa manhã levava o seu cão e ia apanhar amoras.
Quando chegávamos, ele tinha uns 2 Kg de amoras para comermos! Enchíamos as tigelas, espalhávamos um pouco de açucar e depois acrescentávamos leite fresquinho! Ainda hoje, eu e as minhas irmãs quando apanhamos amoras e conseguimos resistir sem comê-las até chegar a casa, temos tendência a comê-las assim.
E foi nessa ilha maravilhosa que do lado sul da ilha dei um mergulho e saí da água com uma alergia na pele. A água ali é mais salgada. Presumi que fosse disso. Parecia que me tinham fustigado com um vime e fiquei com marcas vermelhas, na barriga principalmente. Ardia um pouco. Depois de tomar um banho, umas horas depois, desapareceu.
O meu noivo diz-me que sou pior do um político, porque prometi que o levava ao Pico e ainda não fui lá com ele. Mas da próxima vez, vamos. Quer chova, quer faça sol. Prometido!
Quero mostrar-lhe as pimentas, as retretes do Pico...os velhotes simpáticos que passam a sua tarde sentados fora dos cafés e acenam quando passamos de carro e a minha avó, que já não me vê há muito tempo!
Sou Açoreana, não conheço muitas ilhas, mas irei escrever sobre as que conheço...
E servirá para um dia mais tarde ler, relembrar e sorrir!

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