segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Eu também cresci, pai...


Hoje o meu pai fez 55 anos...
Estou um pouco melancólica porque gostava de ter mais recordações dele nos 32 anos que ele esteve tão perto de mim...
Geralmente é mais fácil lembrarmo-nos das coisas más e não dar tanta importância às boas, mas hoje queria somente pensar nas coisas boas, porque apesar de tudo ele é meu pai...
Mas quando penso nele sinto vontade de chorar. Há tantas coisas que gostava que ele conseguisse dar, mudar, aceitar...mas cada um é como é.
A minha vida foi o que foi devido à educação que tive, muito sofrimento foi causado por ele e devido ao que ele não me ensinou a ser...
Eu sei que nunca foi essa a sua intenção. Aliás, os pais raramente magoam deliberadamente os filhos.
Apesar de ter sido criticada, humilhada, apesar de não ter sentido o seu apoio, apesar de ter-me feito acreditar que o meu cérebro era do tamanho de uma ervilha e que eu nunca seria ninguém na vida...apesar disso tudo eu amo-o. É o meu pai...
Ele também já me amou em alguma altura da sua vida e disso não tenho quaisquer dúvidas.
Deve ter havido alguma altura em que ele já tenha sentido orgulho de mim e também quero acreditar nisso.
Dói-me falar nisto, mas preciso por cá para fora o que sinto.
O meu pai : Alguém que sempre fez de tudo para nos dar o melhor e trabalhava tanto, que até viajava para longe e ficava dias sem vir a casa, mas trazia sempre qualquer coisa quando regressava. Barbies, chocolates... ( agora faz isso com as netinhas ). Como eu queria ser criança outra vez! Talvez assim dar-me a mim própria uma segunda oportunidade...
Seja como for, tenho consciência que ninguém é perfeito e que não podemos escolher os nossos progenitores, logo tenho de aceitar o que a vida me deu.
São provas que tínhamos que superar... ou não.
Aprender com as quedas...e aprender sozinha a estancar o sangue e a ver a ferida a sarar aos poucos, até que chega àquele ponto em que queremos tanto arrancar aquela pele seca, porque nos irrita, porque dá comichão, porque nos faz lembrar que caimos...
Mas iludimo-nos ao pensar que nunca nos livraremos da cicatriz, porque essa permanecerá para sempre!
E o que estou a fazer agora é a olhar para elas...e a melancolia toma-me por completo. Lembro-me de tantas coisas!
Sinto um aperto no peito...e só peço a Deus que um dia esta dor seja completamente aliviada, porque é uma mágoa difícil de suportar.

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