segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Aproxima-se...

Está perto o Natal, as pessoas andam em correrias a correr de loja para loja e eu nem quero pensar que vou ter de fazer o mesmo daqui a uns dias...
Nunca gostei de fazer compras de Natal! Penso automaticamente que tenho de oferecê-las a alguém e ver o possível olhar e sorriso falso, que me diz : "Oh que lindo! Estava mesmo a precisar disto!" Sabem o que sinto, mal ouço isso? Alívio...puro e simples alívio!
"Já passou, penso eu".
Também não gosto de abrir presentes. O tentar disfarçar a preocupação do que sinto ao abrir aquilo e o raio do relógio não anda mais depressa! Parece até que anda mais devagar e consigo ouvir o som do ponteiro dos segundos...e voilá! O papel é cuidadosamente rasgado (não sei porquê, se vai tudo parar ao lixo) e chega o momento de dizer : "Obrigada, gostei muito"...
A verdade é quando dizem que o Natal é das crianças. Isso já se pode considerar uma verdade, apesar de nem todas terem o privilégio de terem uma noite passada com a família, numa casa quentinha, com uma árvore e uma mesa com comida. Para muitas crianças, é a pior noite das suas vidas.
A noite de Natal só era mágica para mim quando eu era criança. Todas as noites de Natal que me lembro, foram mágicas. Prendas e mais prendas, que perdia a conta da quantidade.
Lembro-me de um episódio, de ter insistido para dormir no sofá, porque não queria perder a visita do Pai Natal. Devia ter 5 anos na altura.
Vi uma sombra a aproximar-se da porta de casa (era um tio do meu pai, disfarçado de pai natal, com um saco dos presentes), mas tive tanto medo, que não abri os olhos. Esse Pai Natal saiu e nunca mais lhe pus a vista em cima, mas no dia seguinte essa recordação parece ter sido varrida da minha memória, porque abrir os presentes e brincar com essas bonecas novas, na altura era a coisa mais importante da minha vida! Todo o mundo à minha volta parava de existir...
E é por isso que tento sempre colocar-me no lugar da minha filha à medida que se aproxima o grande dia e ela não pára de perguntar : "quantos dias faltam?" Lembro-me de fazer exactamente o mesmo com a idade dela. A ansiedade é fora do normal e os dias parecem passar tão devagar!
Chega a ser cruel a espera...
Lembro-me de estar com as minhas irmãs e o meu pai à procura dos presentes (que a minha mãe escondia de nós, dias antes do Natal).
Quando encontrávamos, era uma festa! Ele dizia para fazermos um buraco muito pequenino nos embrulhos, para ficarmos com uma ideia do que íamos receber. Ele devia achar que assim dormiríamos mais descansadas! : )
Quando voltávamos da nossa busca com um sorriso estampado nos rostos, a minha mãe desconfiava logo e o meu pai, é claro, fazia questão de lhe explicar. Ela ficava doida! "És pior do que uma criança, bla bla bla bla!" Ele ria-se, claro...
Seja como for, são recordações do meu pai que quero guardar comigo sempre, porque são daqueles momentos únicos de amor de pai, que não se esquece...
Este é o segundo Natal que passarei sem eles e parece que estou mais tristinha este ano.
Ano passado eu senti mais amor, mais dificuldade da parte deles em estarem longe, mais preocupação em me ajudar. Este ano parecem ter mudado e não lhes pedirei nada. Não vou medingar o amor e atenção deles.
Há pouco a minha mãe quis saber novidades, se eu estava bem e eu deixei o recado de que estava bem, que não havia novidades e que se não falássemos antes do Natal, desejava-lhes uma óptima e santa noite! Foi mesmo para despachar!
É triste, mas o que sinto é que não são capazes de mostrar preocupação genuína e cada gesto deles agora já parece suspeito e penso "será...?"
Posso estar preocupada com muitas coisas, mas tenho de começar a abrir os olhos para a realidade. Não vale a pena sonhar com dias que nunca chegarão...
Sinto o coração apertado quando penso que poderei não dar à minha filha o que ela desejaria, mas podia dar-lhe o melhor de mim e sentir-me melhor comigo mesma, não podia? Mas não sinto...e porquê?
O meu pai contou-me um dia (ao vermos juntos um album meu de quando era criança), de que chorou muito quando foi passar o Natal com o seu irmão (que tem uma filha, mais velha do que eu) e ela quando ela abriu o seu presente, que era uma boneca enorme, os meus olhos brilharam, mas doeu-lhe na alma não ter dinheiro para me comprar uma boneca tão bonita e apesar de eu não me ter queixado ou rejeitado a boneca que ele me deu, ele nunca se esqueceu dos meus olhinhos quando a minha prima desembrulhou a sua boneca. Eu tinha 3 anos na altura...e foi a noite em que ele decidiu dentro de si, que nenhuma filha dele voltaria a passar por isso.
Por mais consolo que me tentem dar e mesmo que não venham a existir queixas, no meu coração vou sentir que falhei de alguma forma...
A dor ajuda-nos a crescer, não é?
É o lado positivo. Tentarei não perder o ânimo...e confiarei em Deus.

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