quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Paisagem de recordações...

Esta foto foi tirada há dias, num dos muitos piqueniques que a minha família (na ilha do Faial), junto a uma casinha que era do meu avô. Era guarda florestal e por vezes, em dias de muito mau tempo, em vez de ir a pé até casa, passava a noite nessa casinha, para se proteger das tempestades e da chuva. Quem olha para ela, não vê nada que faça sentir curiosidade em ir espreitar. É apenas uma casinha em miniatura, sem janelas, sem nada lá dentro, a não ser lama no chão e os suportes em ferro (enferrujados) para dois beliches.
Mas para mim é especial. Era o cantinho do meu avô. Era onde ele trabalhava. Era onde passava a maior parte do seu dia. Eu gostava muito do meu avô. Lembro-me de um homem calmo, cujo sorriso eu adorava, pois transmitia-me uma serenidade imensa! Tinha uma paciencia muito grande para a família, para todos.
Ao olhar esta foto senti saudades, não da ilha em si, mas dos meus tempos da antiguidade, quando era criança, uns 6, 7 anos anos, em que passava alguns fins de semana com os meus avós, das minhas aventuras na ribeira que fica lá perto, dos piqueniques, de olharmos lá de cima e vermos a nossa casa tão longe, as paisagens de tirar a respiração, o silêncio que se sente quando fechamos os olhos, que repentinamente é interrompido pelo som de um milhafre ou de uma vaca.
É como encontrarmos aquele sítio místico que tem capacidade de nos esvaziar a alma das coisas más. Sentimo-nos mais perto da pureza...
Vivi a minha vida toda nesse lugar e não o conheci bem, mas não é preciso conhecer tudo para saber que sempre será relembrado por mim com muito carinho...
Nasci, cresci, aprendi, caí muitas vezes, levantei-me e fui levantada...e também fui uma nova mulher, tudo nessa ilha. Como o tempo passa, é verdade. E a nostalgia de relembrar as minhas experiências faz-me ficar um pouco mais frágil, de lágrima no canto do olho, com a tentação de perguntar porque tive de passar por tudo isto para aprender finalmente o que é o amor, porque temos de sofrer tanto para chegar à perfeição...
A resposta nem é assim tão difícil. A primeira coisa que me veio à mente foi : Porque todos somos uns "tortos" neste mundo.
Quando tentamos andar num caminho que é direito, perfeito (o do amor), nem sempre conseguimos ir sempre de cabeça erguida, de ombros levantados, a olhar em frente.
Por vezes cambaleamos para a direita ou para a esquerda e esbarramos em obstáculos que provavelmente não esbarraríamos se fossemos um bocadinho mais perfeitos...
A culpa não totalmente nossa, mas é o que acontece.
Fomos feitos para nos aperfeiçoarmos, mas vendo bem as coisas, o ser humano está a perder a sua dignidade e são considerados os verdadeiros monstros e os animais estão a ser dignificados e protegidos da extinção.
Se compararmos um chimpanzé, que tem 99,7% de semelhanças com o ADN humano, qual consegue no entanto mostrar mais amor e reconhecimento pela vida?
Quem é o animal e quem é verdadeiramente o humano?
Para amar, é preciso estarmos em sintonia com nós próprios...e depois...aí sim, podemos dizer que sabemos amar.

1 comentário:

  1. E eu amo-te, amo-te como nunca amara antes alguém... Perdoa as minhas imperfeições, pois por vezes vacilo nos meus propósitos e nem sempre te trato como devia... Quando então abro os meus olhos molhados, só sinto que te amo cada vez mais.
    Obrigado por fazeres parte da minha vida. Obrigado por teres voltado a escrever aqui... Beijo doce, Princesa minha.

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